Semana da Leitura! Vi e gostei. Muito. Os protagonistas foram aqueles que o deveriam ser: os alunos. Os professores a colaborarem com a biblioteca... e com a leitura. Devo, porém, alertar para os perigos da leitura, que são reais. E existe uma fronteira que depois de ultrapassada não permite retrocessos. E, nesse caso, as consequências podem ser terríveis. Assustadoras. Catastróficas, mesmo. No século XII costumava dizer-se que um livro na mão de uma criança era mais perigoso do que uma espada. É verdade que, na altura, os livros eram tão raros e pesados que a criança corria de facto o risco de esmagar um pé e, ainda por cima, ser pendurada pelos pés como castigo pela sua impertinência. Ler era, então, uma actividade perfeitamente desprezível: não havia livrarias e para se ir a uma biblioteca tinha de se concluir o magistério do sacerdócio. Fazer um livro era uma actividade dolorosa e claramente redundante uma vez que se destinava apenas àqueles que os faziam. À generalidade das pessoas em nada importava. Continuavam a contar somente consigo mesmas. Mais tarde, com o aparecimento da abominável imprensa o livro democratizou-se, como gostam de dizer os políticos. Estando a palavra escrita e sabendo ler já não era preciso pensar. A memória que durante séculos alimentara o espírito, de repente deixou de ser necessária. O espírito emudeceu. O ser humano estava condenado. Quem conseguir passar ao lado dos livros e da leitura tem de continuar a forçar a memória e, por isso, condenado a governar. Creio, parece-me, que com esta semana condenaram mais alguns alunos à terrível ausência da memória. Saudações bibliófilas!
Semana da Leitura! Vi e gostei. Muito. Os protagonistas foram aqueles que o deveriam ser: os alunos. Os professores a colaborarem com a biblioteca... e com a leitura.
ResponderEliminarDevo, porém, alertar para os perigos da leitura, que são reais. E existe uma fronteira que depois de ultrapassada não permite retrocessos. E, nesse caso, as consequências podem ser terríveis. Assustadoras. Catastróficas, mesmo.
No século XII costumava dizer-se que um livro na mão de uma criança era mais perigoso do que uma espada. É verdade que, na altura, os livros eram tão raros e pesados que a criança corria de facto o risco de esmagar um pé e, ainda por cima, ser pendurada pelos pés como castigo pela sua impertinência. Ler era, então, uma actividade perfeitamente desprezível: não havia livrarias e para se ir a uma biblioteca tinha de se concluir o magistério do sacerdócio. Fazer um livro era uma actividade dolorosa e claramente redundante uma vez que se destinava apenas àqueles que os faziam. À generalidade das pessoas em nada importava. Continuavam a contar somente consigo mesmas.
Mais tarde, com o aparecimento da abominável imprensa o livro democratizou-se, como gostam de dizer os políticos. Estando a palavra escrita e sabendo ler já não era preciso pensar. A memória que durante séculos alimentara o espírito, de repente deixou de ser necessária. O espírito emudeceu. O ser humano estava condenado. Quem conseguir passar ao lado dos livros e da leitura tem de continuar a forçar a memória e, por isso, condenado a governar.
Creio, parece-me, que com esta semana condenaram mais alguns alunos à terrível ausência da memória.
Saudações bibliófilas!